Ratos e Ratoeiras
Após uma pequena reflexão, uma sensação de crescente indignação e consternação envolveu a minha capacidade cognitiva, resultando numa espécie de revelação metafísica.
Esta revelação está relacionada com as ratoeiras, pequeno e quase discreto aparelho, destinado à captura dos pequenos mamíferos roedores, vulgarmente conhecidos como ratos. De facto, existe uma função maior e mais relevante, e no entanto, menos óbvia, destes mecanismos, e que está relacionada com uma atitude tão característica da espécie humana em geral, e da subespécie portuguesa, em particular. Sim, uma ratoeira é o prototipo mecânico, movido por uma mola, da desresponsabilização, da efectiva incapacidade de assumir os problemas. De facto, com este aparelho, o culpado é tão somente o rato, pois carrega dois factores de culpabilização: 1º- entrou na nossa casa, invadindo o nosso território; 2º - ninguém o obriga a enfiar a cabeça no buraco da ratoeira. Sim, uma ratoeira é nada mais nada menos que o arquétipo da inoperabilidade da sociedade actual: ao invés de se partir para a caça ao perigoso Mus sp., deixamos a sua captura entregue à roleta russa que é uma ratoeira, deixando neste caso a lei das probabilidades actuar a nosso favor.
No fundo, a nossa vida é como uma caça ao rato, montamos uma armadilha, à espera que lá caia a nossa presa, ao invés de pegarmos numa vassoura, e espatifarmos a cabeça do patife que anda a roubar o nosso queijo...
1 Comments:
Sem queijo, sem fiambre e sem pão, não há sandes mista para ninguém.
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